terça-feira, 22 de junho de 2010

Situação do meio ambiente na Nigéria!



Grandes vazamentos de petróleo não são mais notícia nesta vasta terra tropical.
O Delta do Níger, onde a riqueza subterrânea é desproporcional com a pobreza na superfície, suporta todo ano a 50 anos o equivalente ao vazamento do óleo na costa dos Estados Unidos, segundo algumas estimativas.
Petróleo vaza quase toda semana e alguns pântanos há muito estão sem vida.
Talvez nenhum outro lugar no planeta tenha sido tão agredido pelo petróleo, dizem os especialistas, deixando os moradores daqui surpresos com a atenção incessante dada ao vazamento a meio mundo de distância, no Golfo do México.
Há apenas poucas semanas, um duto estourado pertencente à Royal Dutch Shell, em um manguezal, foi finalmente fechado após vazar por dois meses: agora nada vivo se mexe em um mundo preto e marrom antes repleto de camarões e caranguejos.

Não longe dali, ainda há óleo cru preto no riacho Gio de um vazamento em abril, e atravessando a divisa do Estado, em Akwa Ibom, os pescadores falam mal da suas redes pretas de petróleo, duplamente inúteis em um mar morto pelo vazamento de um oleoduto de alto-mar da Exxon Mobil em maio, que duraram semanas.
O petróleo vaza de dutos velhos e enferrujados, não fiscalizados pelo que os analistas dizem ser uma regulamentação ineficiente ou conivente, auxiliada por manutenção deficiente e sabotagem.
Diante dessa maré negra os protestos não são freqüentes - os soldados que protegem a instalação da Exxon Mobil agrediram as mulheres que protestavam no mês passada– mas muita resignação ressentida.
As crianças pequenas nadam no estuário poluído daqui, pescadores levam seus esquifes cada vez mais longe –“Não há nada para pescarmos aqui”, disse Pius Doron, empoleirado em seu barco– e mulheres do mercado caminham por riachos oleosos.
“Há petróleo da Shell no meu corpo”, disse Hannah Baage, ao sair do riacho Gio com um facão para cortar a mandioca equilibrada sobre sua cabeça.
O fato do desastre no Golfo do México ter espantado um país e o presidente que tanto admiram é motivo de surpresa para as pessoas daqui, que vivem entre estuários margeados por palmeiras em condições mais abjetas que as demais na Nigéria, segundo a ONU. Apesar da região delas contribuir com quase 80% da receita do governo, elas pouco se beneficiam dela. A expectativa de vida aqui é a mais baixa na Nigéria.

“Ninguém está preocupado com esta. A vida aquática de nossa população está morrendo. Antes havia camarão. Não há mais camarão.”
Ao longe, fumaça se erguia do que Kanyie e ativistas ambientais disseram ser uma refinaria ilegal dirigia por ladrões locais de petróleo e protegida, eles disseram, pelas forças de segurança nigerianas. O pântano estava deserto e quieto, sem nem mesmo um canto de pássaro; antes dos vazamentos, disse Kanyie, as mulheres de Bodo ganhavam a vida coletando moluscos nos manguezais.

A Nigéria produziu mais de 2 milhões de barris de petróleo por dia no ano passado, e em mais de 50 anos milhares de quilômetros de oleodutos foram espalhados pelos pântanos. A Shell, a maior petrolífera aqui, tem operações em milhares de quilômetros quadrados do território, segundo a Anistia Internacional.

Até 546 milhões de galões de petróleo vazaram no Delta do Níger nas últimas cinco décadas, ou quase 11 milhões de galões por ano, concluíram uma equipe de especialistas internacionais e do governo nigeriano e os grupos ambientais locais em um relatório de 2006.

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